Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), que analisa os dados para o período de 2006 a 2010, os produtos agrícolas onde Portugal é praticamente independente do exterior são o azeite, as hortícolas, os ovos e os frutos secos. No vinho é excedentário. A maior dependência do estrangeiro surge nos cereais e oleaginosas.
Já no que diz respeito à indústria alimentar, os portugueses conseguem garantir o seu abastecimento no caso dos frutos e hortícolas transformados e é excedentário em conservas de peixe. Mas a indústria da pesca é ainda escassa para a procura pois Portugal tem de importar mais de metade do que consome no que toca a peixe congelado, seco e salgado.
Outro sector com grande dependência do exterior é o dos cereais, que representam, em valor, 42,4% das compras no estrangeiro de bens agrícolas. “A produção nacional é pouco competitiva no sequeiro mas tem margem de progressão no regadio, particularmente para a cultura do milho. Relativamente às oleaginosas, a situação altamente deficitária dificilmente será corrigida, dado que as condições edafo-climáticas nacionais não são favoráveis à produção das principais oleaginosas (soja e colza)”, explica o INE
O valor médio anual da produção agrícola situou-se próximo dos 7000 milhões de euros entre 2006 e 2007 crescendo 1,2%, em média, por ano. O azeite e o vinho valem praticamente um quarto do valor total da produção, enquanto a pecuária vale outros 23,3%.
“As transacções dos produtos agrícolas entre 2006 e 2011 representaram, em média, 4,1% do valor global das importações e 3,2% das exportações. O saldo da balança comercial deste tipo de produtos apresentou um défice de 1,3 mil milhões de euros e uma taxa de cobertura de 48,4%”, adianta ainda o INE.
As trocas comerciais de produtos agrícolas fazem-se sobretudo com países da UE. Os principais fornecedores são Espanha e França, os mesmos mercados para o país exporta mais. Dos EUA e Canadá chegam ao país essencialmente sementes de oleaginosas e cereais.
Fonte : http://www.publico.pt/economia/noticia/portugal-e-independente-no-vinho-mas-muito-dependente-do-exterior-nos-cereais-1589864
A primeira fase do ataque foi um êxito”
20.03.2011 - 11:16 Por Dulce Furtado, Isabel Gorjão Santos
A coligação internacional que ontem iniciou uma intervenção militar na Líbia diz que já foi estabelecida uma zona de exclusão aérea e travada a ofensiva de Khadafi sobre os rebeldes em Bengasi. “A primeira fase do ataque foi um êxito”, considerou o chefe de Estado-Maior Interarmas norte-americano, almirante Mike Mullen.
Bombardeamentos da aviação francesa na estrada que chega a Bengasi desde Ajdabiya (Goran Tomasevic/Reuters)
A próxima fase da intervenção terá como objectivo cortar abastecimento às forças de Khadafi para limitar a sua capacidade de combate, explicou hoje Mike Mullen numa entrevista à estação televisiva ABC. “As suas forças estão bastante dispersas, entre Trípoli e Bengasi”, adiantou o principal responsável militar norte-americano. “Por isso vamos tratar de cortar o apoio logístico a partir de amanhã”.
Trípoli, a capital, fica na parte ocidental do país e é onde estará Khadafi, que numa mensagem transmitida esta manhã voltou a desafiar as forças da coligação, chamou-as “terroristas” e “bárbaros” e disse que os depósitos de armas estarão à disposição da população para se defender dos ataques. “Não nos derrotarão”, adiantou. Já Bengasi fica na parte oriental do país e é o bastião dos rebeldes, a primeira cidade tomada pelos opositores que querem derrubar o regime do coronel que governa a Líbia há mais de 40 anos.
Mike Mullen sublinhou, desta vez numa entrevista ao programa “Meet the Press”, do canal NBC, que “as operações correram muito bem”. E adiantou: “Ele [Khadafi] não pode pôr a voar nenhum helicóptero nem nenhum avião nos últimos dias. Por isso, de facto, foi posta em campo a zona de exclusão aérea”.
Os ataques da coligação internacional continuaram pela noite dentro, com várias explosões a serem reportadas durante a madrugada perto da capital, Trípoli, por volta das 2h30 locais. Mas a manhã acabou por revelar-se “relativamente calma, com o trânsito a rolar como normal, embora o ambiente esteja muito tenso”, disse o correspondente da BBC Allan Little.
Regime de Khadafi garante que morreram 48 civis
As autoridades líbias contavam a morte de pelo menos 48 civis nesta primeira fase da missão da comunidade internacional – a “Odisseia Amanhecer” – a que se somam mais de 100 feridos; segundo o regime são na esmagadora maioria civis apanhados pelos bombardeamentos dos aliados internacionais. Este número de vítimas mortais acabou por ser actualizado para as 64 por um responsável de saúde do regime líbio: "Houve pessoas que morreram devido aos seus ferimentos", explicou.
O canal norte-americano CBS noticiou entretanto que três bombardeiros dos Estados Unidos B-2 lançaram esta manhã pelo menos 40 bombas convencionais sobre vários alvos incluindo uma das maiores bases aéreas de Khadafi – a informação foi já confirmada pelo Pentágono, mas sem especificar quais foram os alvos destes raides. Um responsável militar líbio que não quis ser identificado adiantou à Reuters que se tratou da base de Al-Watyah, a cerca de 170 quilómetros de Trípoli. "Tentaram atacar as defesas anti-aéreas", adiantou. "Algumas ficaram danificadas".
Hoje ao início da tarde, o chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, criticou os bombardeamentos da coligação internacional contra a Líbia, estimando que estes se afastam do objectivo inicial de imposição de uma zona de exclusão aérea.
O ministro da Defesa britânico confirmou, por sua vez, que os aviões britânicos também já estiveram no ar, atacando os sistemas de defesa aérea do regime durante a noite em volta de Trípoli. Os caças britânicos Tornado voaram directamente da base da Royal Air Force em Marham, tendo disparados vários mísseis Stormshadow.
Mais aviões dos aliados internacionais – depois dos franceses e britânicos que estiveram a actuar desde a tarde até noite dentro – irão posicionar-se em bases no Mediterrâneo para participar na operação. A intervenção passará a contar com meios militares do Canadá, Dinamarca e Espanha que deverão entrar em acção ainda neste domingo, de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Alain Juppé.
Trípoli, a capital, fica na parte ocidental do país e é onde estará Khadafi, que numa mensagem transmitida esta manhã voltou a desafiar as forças da coligação, chamou-as “terroristas” e “bárbaros” e disse que os depósitos de armas estarão à disposição da população para se defender dos ataques. “Não nos derrotarão”, adiantou. Já Bengasi fica na parte oriental do país e é o bastião dos rebeldes, a primeira cidade tomada pelos opositores que querem derrubar o regime do coronel que governa a Líbia há mais de 40 anos.
Mike Mullen sublinhou, desta vez numa entrevista ao programa “Meet the Press”, do canal NBC, que “as operações correram muito bem”. E adiantou: “Ele [Khadafi] não pode pôr a voar nenhum helicóptero nem nenhum avião nos últimos dias. Por isso, de facto, foi posta em campo a zona de exclusão aérea”.
Os ataques da coligação internacional continuaram pela noite dentro, com várias explosões a serem reportadas durante a madrugada perto da capital, Trípoli, por volta das 2h30 locais. Mas a manhã acabou por revelar-se “relativamente calma, com o trânsito a rolar como normal, embora o ambiente esteja muito tenso”, disse o correspondente da BBC Allan Little.
Regime de Khadafi garante que morreram 48 civis
As autoridades líbias contavam a morte de pelo menos 48 civis nesta primeira fase da missão da comunidade internacional – a “Odisseia Amanhecer” – a que se somam mais de 100 feridos; segundo o regime são na esmagadora maioria civis apanhados pelos bombardeamentos dos aliados internacionais. Este número de vítimas mortais acabou por ser actualizado para as 64 por um responsável de saúde do regime líbio: "Houve pessoas que morreram devido aos seus ferimentos", explicou.
O canal norte-americano CBS noticiou entretanto que três bombardeiros dos Estados Unidos B-2 lançaram esta manhã pelo menos 40 bombas convencionais sobre vários alvos incluindo uma das maiores bases aéreas de Khadafi – a informação foi já confirmada pelo Pentágono, mas sem especificar quais foram os alvos destes raides. Um responsável militar líbio que não quis ser identificado adiantou à Reuters que se tratou da base de Al-Watyah, a cerca de 170 quilómetros de Trípoli. "Tentaram atacar as defesas anti-aéreas", adiantou. "Algumas ficaram danificadas".
Hoje ao início da tarde, o chefe da Liga Árabe, Amr Moussa, criticou os bombardeamentos da coligação internacional contra a Líbia, estimando que estes se afastam do objectivo inicial de imposição de uma zona de exclusão aérea.
O ministro da Defesa britânico confirmou, por sua vez, que os aviões britânicos também já estiveram no ar, atacando os sistemas de defesa aérea do regime durante a noite em volta de Trípoli. Os caças britânicos Tornado voaram directamente da base da Royal Air Force em Marham, tendo disparados vários mísseis Stormshadow.
Mais aviões dos aliados internacionais – depois dos franceses e britânicos que estiveram a actuar desde a tarde até noite dentro – irão posicionar-se em bases no Mediterrâneo para participar na operação. A intervenção passará a contar com meios militares do Canadá, Dinamarca e Espanha que deverão entrar em acção ainda neste domingo, de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Alain Juppé.
Kadhafi prevê uma "guerra longa" na Líbia
Hoje
O líder líbio, Mouammar Kadhafi, afirmou hoje que a Líbia jamais vai permitir que os novos "cruzados" se apoderem e explorem o petróleo do país e previu uma "guerra longa".
"Todo o povo líbio tem armas", afirmou numa mensagem sonora difundida na televisão oficial líbia, acrescentando que será identificado "qualquer traidor ou colaborador da coligação dos cruzados", numa referência aos países que decidiram avançar com uma ofensiva.
Após semanas de hesitações, de um mandato da ONU e de um apoio árabe, uma coligação internacional com os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha na liderança passou sábado à ofensiva para tentar travar a repressão da revolta lançada há mais de um mês contra o regime de Muammar Kadhafi.
A resolução 1973 da ONU, adoptada na noite de quinta-feira, autorizou o recurso à força para proteger a população líbia. A China e a Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança, abstiveram-se mas não utilizaram o seu direito de veto para bloquear o texto. A Rússia lamentou esta intervenção militar internacional, efectuada no âmbito de uma resolução da ONU "adoptada à pressa".